
Pessoal, navegando encontrei uma matéria bem atual sobre recrutamento, fala sobre as leis que facilitaram e "empurraram" os brasileiros à bordo ;)
"Forçadas por lei, agências caçam jovens para trabalhar em cruzeiros
É um exército”. Trabalhar em navios de cruzeiros está longe de ser somente a chance de conhecer o mundo e ainda receber por isso. Jonathan Louback, de 26 anos, deixa isso claro aos jovens durante as entrevistas. A disposição para trabalhar duro e disciplina são tão importantes quanto o conhecimento da língua inglesa, diz ele. Cerca de 40% dos escolhidos desistem. Louback, que por seis anos trabalhou como “bar boy” e oficial (recepcionista), hoje, recruta os novos tripulantes que deverão atuar nos navios como garçons, camareiras, recepcionistas, funções no restaurante, na cozinha, limpeza e recreação.
A jornada de trabalho é de 12 horas por dia. A viagem deve acontecer em dois meses. Louback "conheceu" pelo menos 80 países. "O navio pára e a gente dá um passeio rápido. Se pudesse voltar a um desses países iria aos estados da Grécia", diz ele impressionado com as ilhas gregas.
Os salários variam de US$ 600 até US$ 1,5 mil dólares. As gorjetas fazem parte do dia-a-dia do trabalho de acordo com a função e podem fazer dobrar o salário. Em Mato Grosso do Sul o perfil dos interessados são universitários e recém-formados que não encontram chance de emprego. “Já entrevistei advogados, muitos fisioterapeutas também”, diz Louback. Quem pensa em conhecer o mundo e se divertir fica fora da seleção. Desde o mês de maio, a empresa Infinity Brazil recruta jovens de Campo Grande.
Legislação
Em 2007, quando o governo federal publicou resolução exigindo todos os navios que permanecerem por 90 dias na costa brasileira tenham 25% da tripulação brasileira, começou o corre-corre por trabalhadores que em terra firme não conseguem receber os valores previstos nos contratos temporários. Agora, a exigência é ainda mais rigorosa. Navios que permaneçam 30 dias na costa brasileira têm que dar emprego a 25% dos tripulantes. O eixo Rio-São Paulo está saturado, diz.
A legislação esvaziou os resorts. Encontrar mão-de-obra capacitada para atuar na área de turismo é muito raro. Mas, esse não é um problema só do Brasil. Em fotografias guardadas no laptop de Louback imagens de jovens da Ucrânia, Mandagascar, África. No Brasil, a cada parada, os navios são fiscalizados por Polícia Federal, Receita e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O Ministério do Trabalho também acompanha e monitora os contratos. “São nove meses de contrato, sendo dois 2 meses de férias. Quando sai de um contrato na maioria das empresas você já sabe quando volta e para qual navio retorna”, explica Louback.
Sonho
Nesta manhã, no Sesc (Serviço Social do Comércio) Horto Florestal, na região da Vila Sargento Amaral, a acadêmica de Turismo, mãe de uma menininha de 4 anos, e funcionária pública, Mariana Rojas Palermo, de 24 anos, encarou a entrevista. Considera apta para fazer o treinamento e embarcar em dois meses, Mariana Palermo deverá levar a notícia para a mãe, arquiteta. O pai, advogado, já lhe apoiou. “Sempre sonhei em entrar no serviço militar. Para mim, será a grande oportunidade. Não vou desistir”, diz. A jovem fala as línguas inglesa e espanhola.
Requisitos
A princípio será para trabalhar em três companhias marítimas (Royal Caribbean (dois navios) – MSC (4 navios) – Costa (3 navios)) que vão viajar por toda a América do Sul. O nível de fluência na língua inglesa não precisa ser tão rigoroso. Durante todo o dia, o Sesc estará aberto para os interessados. Em todo o Brasil são oferecidas 600 vagas. No Estado, dos 40 entrevistados, 10% foram considerados aptos. Os escolhidos terão que pagar R$ 100 pela capacitação e pelo menos R$ 157 para terem o passaporte e outros R$ 500 de exame médico, caso não tenham convênios. As exigências acabam por tirar da rota os jovens que precisam trabalhar. "A falta de capacitação é o problema", admite Louback.
Governo federal
A Agência Brasil divulgou no ano passado o balanço da primeira temporada dos cruzeiros com rota pelo Brasil - de novembro de 2006 a março de 2007 - após a edição da Resolução Normativa nº 71 que define cotas para trabalhadores brasileiros. Dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apresentado ao Conselho Nacional de Imigração (CNIg), contabilizou 1,5 mil brasileiros à bordo destas embarcações.
Em 2006, o CNIg concedeu 841 vistos para trabalhadores estrangeiros. Na primeira fase dessa resolução, os cruzeiros que permaneceram no Brasil por mais de 91 dias, tiveram que cumprir a cota de 25% da tripulação de empregados brasileiros. A partir da próxima temporada - novembro de 2007 - o tempo de permanência mínima dos cruzeiros foi reduzido para 31 dias de navegação por águas brasileiras.
O levantamento da SIT apontou que os navios com mais escalas, e que conseguiram fechar maior número de viagens, foram os que contrataram mais brasileiros. Exemplo positivo da medida é que, em apenas um navio, 88% dos 360 tripulantes eram brasileiros, todos contratados sob a legislação trabalhista brasileira.
O não cumprimento da resolução pode gerar multa ou concessão de vistos negada para estrangeiros nos navios irregulares. "Os navios passam 25% do ano - três meses - no Brasil. Nada mais justo que 25% da tripulação seja de brasileiros", ressaltou o presidente do CNIg, Paulo Sérgio Almeida, que é também coordenador de imigração do MTE. (Com informações da Agência Brasil)
Postado por: Nadia